terça-feira, 18 de maio de 2010

Arte e Fotografia - Uma exposição em Barcelona

(Emili Godes, 1930)

É hoje inaugurada em Barcelona, no Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC) , a exposição “Praga, Paris, Barcelona, Modernidade Fotográfica de 1918 a 1948”.

Nesta exposição procura destacar-se o desenvolvimento da utilização da fotografia como conteúdo artístico, numa mostra onde se evidencia a riqueza experimental e vanguardista de fotógrafos de três cidades que foram também três núcleos fundamentais da cultura europeia do século XX, no período entre guerras.

A exposição apresenta cerca de duas centenas de fotografias que incorporam as inovações técnicas, criativas e formais usadas por um vasto leque de fotógrafos que procuraram integrara na fotografia as premissas do modernismo da arte do seu tempo.

Os fotógrafos aqui homenageados foram fortemente influenciados pela inovadora escola alemã de artes, a Bauhaus, responsável pelo desenvolvimento do movimento “Nova Fotografia” que surgiu na Alemanha por volta de 1920.

O modelo proposto pela Bauhaus, defendendo uma arte integrada, abarcando todas as disciplinas artísticas levou a experimentação fotográfica a níveis de divulgação popular através do seu uso na publicidade.

A “Nova Fotografia” experimentava novas formas criativas, usando todas as novidades técnicas, criativas e formais colocadas ao seu alcance, incorporando à fotografia o abstraccionismo, a fotomontagem ou as técnicas tipográficas.

Desde então, a fotografia participou definitivamente nas propostas vanguardistas da “nova subjectividade”, do “construtivismo”, do “abstraccionismo”, e do “surrealismo”.

A aparição desta “nova fotografia” teve grande impacto por toda a Europa, expandindo-se desde a Alemanha para a jovem Checoslováquia, destacando-se Praga como um dos principais focos de modernidade artística, mas também para Paris, o centro do vanguardismo artístico na primeira metade do século XX.

Na Catalunha, sede desta exposição, o uso vanguardista da fotografias foi introduzido pela difusão de revistas culturais, como “D’Aci i d’ Allá”, que se publicou entre 1918 e 1936, e pela divulgação de revistas culturais provenientes de toda a Europa.

Comissariada por Davis Balsells, conservador chefe da colecção de fotografia do MNAC, com a colaboração de Joan Naranjo, historiador de fotografia e membro da comissão de assessoria da secção de fotografia desse museu de Barcelona, a exposição pode ser visitada até 12 de Setembro.

(Pierre Jahan, 1943)

(Hans Bellmer, 1937)

(Jaroslav Rossier, 1930)

(François Kollar, 1930)


(Joaquim Gomis, 1949)

(Ramon Battles)

 
(Fonte: El Mundo on-line de 17 de Maios de 2010)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A visita do Papa e a (falta) de estética católica - num texto do Público

"A (falta de estética)católica e os avisos do Papa.

por António Marujo, Público 12 de Maio de 2010

“Há uma estética na Igreja Católica feia e ridícula, presa que está a expressões de um passado recente – séculos XIX e XX, em que o catolicismo se zangou com a arte e vice-versa – ou à reprodução deslocada de ícones de séculos.

“Quando, esta manhã, o Papa falar sobre a beleza perante mais de mil artistas, criadores e pensadores portugueses, não poderemos deixar de pensar que, em Portugal, há ainda um caminho para fazer. Mesmo se, nesta matéria, muito têm conseguido várias estruturas católicas, num percurso de reencontro com a beleza. Iniciativas em dioceses como Lisboa, Porto, Beja ou Viseu ou do Secretariado da Pastoral da Cultura, na área do diálogo cultural, do património histórico ou da criação artística contemporânea têm marcado uma diferença radical com o deserto que subsistia até há poucos anos.

"Por vezes, no entanto, o que se faz é contraditório. Há um grupo católico internacional, os Arautos do Evangelho, cujos membros aprendem, entre outras coisas, música e canto, tocando depois em missas e cerimónias litúrgicas. São, em grande parte, adolescentes e jovens. Normalmente, fazem-no com um nível excelente de execução musical e instrumental. É pena que ninguém tenha dito aos seus responsáveis que a farda que usam, inspirada nas vestes das antigas ordens militares – é de uma grande falta de gosto, nas cores, nas formas ou na expressão. A estética nunca é neutra e o facto de incluir botas de cano alto e uma espada desenhada a partir da forma da cruz de Cristo, remete para expressões da Igreja que já deveriam estar ultrapassadas.

"Ontem, no Terreiro do Paço, lá estavam alguns arautos fardados, a participar no coro e na missa. Mas não eram só eles. Outros grupos com expressões deste tipo faziam-se notar. Por contraste, o altar da missa celebrada em Lisboa era de uma feliz concepção. Tal como a animação durante a tarde, que recuperou várias canções das jornadas mundiais de juventude –belas obras musicais, que aliam o gosto poético à música contemporânea.

"Já a campanha com o lema “Foi o Pai que me ensinou” peca por ineficaz: para quem está fora da Igreja (e para muitos dos que estão dentro) o significado do “Pai” não era perceptível.

"No encontro na Capela Sistina, em Novembro, Bento XVI citou Dostoievski perante os artistas: “A humanidade pode viver sem a ciência, pode viver sem pão, mas sem a beleza não poderia viver nunca, porque não teríamos mais nada para fazer no mundo.” Os católicos têm que perceber isto profundamente (…)"
(ver todo o artigo AQUI).