quinta-feira, 27 de setembro de 2018

João Ribas – “15 minutos” de fama ou “Performance”?


(Fotografia de Run Lola, "Observador")

Uma das polémicas mais absurdas no mundo da arte em Portugal foi desencadeada pela demissão de João Ribas da direcção artística do Museu de Serralves.

Segundo o próprio (que se demitiu depois de, sem revelar na ocasião qualquer incómodo pessoal, ter inaugurado uma exposição que organizou),  a sua actividade foi  sujeita a um acto de censura por parte da administração daquele Museu.

João Ribas tem um vasto currículo internacional como curador, mas a sua “actuação”, neste caso, parece revelar, à medida que se vão conhecendo os contornos do “Caso”, uma grande falta de seriedade e profissionalismo.

João Ribas conseguiu desde já duas coisas: tornar-se mais conhecido do grande público do que o próprio artista “objecto” da exposição em causa, o fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe.

Pela minha parte, fiquei devidamente esclarecido sobre o caso quando ouvi, na televisão, as afirmações de Michael Ward Stout, presidente da Fundação Mapplethorpe, proprietária do espólio do fotógrafo e quem cedeu a exposição,  que se mostrou espantado com as alegações de João Ribas, desmentindo, logo ali,com argumentos sólidos, as afirmações de Ribas “completamente inapropriadas e pouco profissionais”.

De facto, quem acha que uma exposição, por si proposta e organizada, está a ser sujeita a um acto de censura não se apresenta bem disposto, a guiar os jornalistas e convidados na sessão inaugural, demitindo-se ao segundo dia da exposição.

O resto é a palavra de João Ribas contra a palavra dos elementos da administração e, nesta, há pessoas pelas quais ponho a mão no lume pela sua seriedade e honestidade intelectual, para além de algumas delas até conhecerem na pele o que foi a verdadeira censura.

Na minha modesta opinião, João Ribas, profundo conhecedor da arte e do seu mundo, ou ensaiou os seus “15 minutos de fama” (sendo conhecido no mundo da arte, é um ilustre desconhecido do público, ele que é um defensor da proximidade entre a arte e o público…), ou, sendo um critico de arte reconhecido, mas , como muitos críticos, um artista falhado, tentou, deste modo, entrar pela porta grande da criatividade artística, ensaiando uma actuação conceptual e performativa, a forma mais comuns, na modernidade, de se revelarem muitos artistas falhados….

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A Arte popular "politicamente incorrecta" dos moliceiros de Aveiro

Os barcos moliceiros que navegam nos canais de Aveiro, hoje ao serviço dos passeios turísticos, caracterizam-se pelas decorações "naif" que se concentram, principalmente, na proa do barco.

Com temas religiosos ou evocando a vida tradicional da ria, hoje uma grande parte, pelo menos os barcos turísticos, exploram muito uma temática de estilo erótico e brejeiro, "politicamente incorrecta", como se pode ver nesta pequena recolha fotográfica que fizemos numa recente visita a Aveiro:


 



















quinta-feira, 26 de julho de 2018

Azulejos de Eduardo Nery no Campo Grande


Nascido na Figueira da Foz em 2 de Setembro de 1938 e falecido em 3 de Março de 2013, na cidade de Lisboa, onde viveu a maior parte da sua vida, Eduardo Nery ficou não só conhecido como pintor, mas também pelas suas intervenções em espaços públicos, com tapeçarias, vitrais e, principalmente azulejaria.

Entre as suas obras encontra-se o conjunto de painéis de azulejos que cobrem as vigas e os pilares do viaduto da 2ª circular que passa junto à estação de metro do Campo Grande.

Aliás, nesta mesma estação, inaugurada em 1993, também se podem ver azulejos da autoria de Eduardo Nery, inspirados nas chamadas “figuras de convite”, muito comuns na entrada de palacetes do século XVIII.

Mas as imagens que aqui reproduzimos mostram a intervenção daquele artista naquela zona do viaduto da 2ª circular.

Provavelmente muita gente já passou por aí, mas no afã diário das deslocações viárias talvez nunca tenha prestado a devida atenção a essa obra, inaugurada em 1998, dentro do conjunto de intervenções urbanas que Lisboa conheceu por ocasião da EXPO 98.

Produzido na Fábrica Viúva Lamego, esse conjunto de painéis de azulejos versa cenas ligadas à história social do Campo Grande, com destaque para a actividade desportiva, com tradições nessa zona de Lisboa, cenas essas representadas por vezes deforma quase surrealista.

Aqui deixamos um conjunto de fotografias que documentam essa intervenção, convidando todos aqueles que por aí passam regularmente a apreciarem essa interessante obra de Eduardo Nery.