quarta-feira, 10 de março de 2010

Peça artística de Joana Vasconcelos causa polémica em Torres Vedras

(Fotografia de Raquel Esperança, Público)

A Lusa já tinha dado a notícia no passado dia 12 de Fevereiro: “Um garrafão de vinho em ferro forjado com cinco metros de altura” ía “receber os visitantes do Museu Colecção Berardo”, onde foi inaugurada no passado dia 1 de Março uma grande exposição da artista plástica Joana Vasconcelos.

Já então a mesma agência anunciava que a “peça, intitulada "Sr. Vinho",” tinha sido adquirida pela Câmara Municipal de Torres Vedras para instalar na cidade” e ía “ser mostrada pela primeira vez ao público no Jardim das Oliveiras, no Centro Cultural de Belém, onde está situado o Museu Berardo”.

Dizia ainda a mesma notícia que, de “acordo com o atelier da artista, as grades de ferro que dão a forma ao garrafão possuem padrões de vedações e guardas de varandas tradicionais, enfatizando o papel social, económico e religioso do vinho na sociedade portuguesa”.

Infelizmente o ambiente político em que se vive não é muito propício ao investimento em arte, caindo-se facilmente na demagogia economicista.

E foi assim que esta questão, que devia ser entendida como um enriquecimento cultural, se tornou polémica. Eu próprio cai na esparrela de assinar uma petição contra a aquisição da obra, desconhecendo então a sua origem e a sua qualidade.

Digo-o agora que essa aquisição devia ser aplaudida por todos os torrienses, e, se não houver dinheiro para a mesma, então que se abra uma subscrição pública para a adquirir.

A obra merece ser apreciada como deve ser,podendo ver-se AQUI algumas  fotografias que sobre a mesma foram realizadas pela Teresa Lamy, para melhor se aferir sobre a sua qualidade.

A cultura e a arte, que têm sido tão mal tratadas por políticos e economistas merecem todos os apoios, principalmente quando são de grande qualidade e estão relacionadas com a identidade de uma região.

Entretanto, na sua edição de hoje, o jornal Público noticia a polémica sobre o assunto.

2 comentários:

  1. Acho absolutamente incrível que a CM-Torres Vedras possa adquirir esta obra, seja pelo valor que for! É um atentado político, social e cultural aos Munícipes, tendo em conta que o valor artístico e estético da obra não se coaduna com a capacidade intelectual da artista. É preciso compreender que os mecanismos de promoção de que a artista dispõe a elevam para uma categoria muito discutível, mas que o mercado agradece. Apela-se ao bom senso dos deliberadores, que representam o povo, sempre o povo!

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  2. Gosto muito do trabalho da J. Vasconcelos e também deste monumental garrafão, mas não posso concordar com a ressuscitação da Política do Espírito e com os piores hábitos do ex-regime fascista por parte do ditadorzinho local.
    O garrafão custa 300 mil euros mesmo! E foi ENCOMENDADO o ano passado pelo presidente da CMTV, sem dar cavaco a ninguém. Agora, para o pagar, vai servir-se de artíficios contabilísticos manhosos, assumindo para já uma primeira factura de 149 mil euros (que é o limite sem concurso).Depois o restante há-de ser pago de outras formas, nem que seja com a "invenção" de outras facturas. Não posso acusar já, mas estaremos cá para ver.
    Não foi a Camara que comprou o garrafao, foi o presidente; nao foi a camara que decidiu comprar uma obra de arte publica, foi o presidente; nao foi a camara que decidiu quem seria o artista ou os termos em que se iria ajustar o negocio, foi o presidente. Porque todo o concelho e o erário público têm de estar ao serviço do gosto de uma única pessoa? Será isto o entendimento da democracia?
    Leiam as palavras acertadas de Rui Matoso no Forum do site municipal, acerca do assunto. Pelo menos este ainda não se deixou comprar , não se acobarda nem é refém de afectos injustificados.
    Trata-se do dinheiro que é de TODOS NÓS !
    Não somos basbaques novos-ricos com vontade de exibirmos alguma intelectualidade através do espatifanço de milhoes em obras de arte.
    Será que a autarquia investe da mesma maneira na cultura local, na arte que já herdou, que é o rico património histórico do concelho?

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