Mostrar mensagens com a etiqueta Graffiti. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Graffiti. Mostrar todas as mensagens
terça-feira, 29 de outubro de 2013
domingo, 28 de novembro de 2010
ARTE URBANA na Galeria Vera Cortês em Lisboa, até 15 de Janeiro
“A arte urbana de peito aberto numa galeria
In Ípsilon, Público, 26.11.2010 - José Marmeleira
“Dada a encontros fortuitos ou clandestinos, a arte urbana mostra-se até 15 de Janeiro na galeria Vera Cortês, em Lisboa. Com graffitis, stencils, pinturas nas paredes, telas e esculturas de artistas nacionais, "Underdogs". A arte feita na rua já tem uma história.
"Para ver a melhor arte urbana portuguesa há, normalmente, duas formas. Ou se está dentro do meio e, com essa vantagem, facilmente se chega aos lugares onde as obras repousam (ruas, edifícios, cidades). Ou, sem mapa, deixa-se ao acaso e o ao tempo a tarefa de ditar os encontros. Enfim, confia-se na generosidade do quotidiano. Ora, a partir de amanhã, e até Janeiro, existe outra forma, mais simples e imediata: "Underdogs", na Galeria Vera Cortês, em Lisboa, com trabalhos de ±, Adres, Kusca, Mar, Obey, Ram, Smart Bastard, Sphiza, Tosco e Vhils (também conhecido como Alexandre Farto).
"Não se trata da apresentação de um grupo de artistas ou de uma mera exposição. Antes, do primeiro momento de um projecto com um objectivo específico: criar uma plataforma, no espaço da arte contemporânea, para as novas linguagens da arte urbana. Falamos do graffiti, do stencil e (não sabiam?) da fotografia, da escultura e até do vídeo. E Vera Cortês e Vhils, os criadores de "Underdogs", adiantam outras iniciativas: uma selecção de múltiplos do estúdio londrino Picture On Walls, e um livro, com lançamento antes do fim da mostra, do jornalista e autor Miguel Moore sobre a história destas artes nas ruas portuguesas. "Começa pelos murais políticos do pós-25 de Abril, passa pelo graffiti influenciado pelo hip-hop e chega até à street-art actual e serve para contextualizar o aparecimento dos artistas desta exposição", revela Vhils. "Eles têm pontos de ligação. Não através do tag ou do graffiti, mas de uma cultura visual comum dominada pela publicidade, a televisão ou a Internet".
"A ironia do nome "Underdogs" evoca, sem desgostos, velhas e ressuscitadas fronteiras: "A arte urbana sempre foi marginalizada pelas instituições, vista como uma forma menor de arte, distante das galerias. E [o nome] assume isso. Ao mesmo tempo remete para trabalhos que se fazem há quase 15 ou 20 anos, com investimento próprio dos artistas, sem apoios exteriores". Vera Cortês contrapõe com uma opinião menos dramática: "Não houve durante esse período uma aproximação desses artistas às galerias. Há 15 anos o mercado era muito diferente".
Comunicação e activismo
"Com efeito, as parangonas que algumas publicações têm dedicado a Bansky, a estrela britânica da arte urbana (vende em leilões e foi objecto do documentário "Exit through the gift shop", com estreia prevista em Portugal), parecem assinalar o regresso de uma relação pouco animada desde os graffitis de Jean-Michel Basquiat ou Keith Haring, embora não esgotada (se pensarmos no campo da arte contemporânea portuguesa, sobressaem as intervenções de Rigo 23 em espaços públicos). "Underdogs", no entanto, sugere outras filiações - as das subculturas musicais, da street culture, da BD undergound, da arte de protesto - e tem como elemento central um conceito pouco caro à arte contemporânea: a comunicação. "Os artistas que estão aqui usam a rua como suporte. Intervêm num espaço onde passam milhares de pessoas todos os dias, que tem um público gigante. E isso nota-se nas peças. Algumas têm conceitos mais elaborados, a maioria procura comunicar, tem uma mensagem". Ilustram essa urgência os jogos de linguagem dos stencils de ± ("Perda Filosofal"), as figuras poéticas de Adres, ou a recuperação de ícones da cultura portuguesa por parte de Kusca (Camões, Beatriz Costa, Fernando Pessoa).
"Outro traço da arte urbana é o envolvimento com as comunidades, a vontade de intervir nos contextos sociais. Vhils quer dar um exemplo e abre as páginas de um catálogo para mostrar o que J.R., artista francês, fez às fachadas de um favela na Libéria: "Pintou-as com os rostos e os olhos dos seus habitantes. Mostrou para o exterior quem são as pessoas que aqui vivem. E criou actividades de intervenção social dirigidas aos habitantes. Nesse aspecto, a arte urbana aproxima-se do activismo. E não me incomoda essa proximidade". O próprio já a experimentou quando integrou um projecto de graffiti no bairro da Arrentela: "Era um dos mais problemáticos da Margem Sul. Reuni-me com o [rapper] Chullage e desenvolvemos um projecto de reinserção para tirar os miúdos da rua. Depois fiz o mesmo na Amadora e no bairro de Alagoas, na Régua, com o Ram e o Mar, onde pintámos o bairro todo. Ainda hoje está como o deixámos, fizemos do graffiti uma forma das pessoas comunicarem com o exterior. E julgo que dei às pessoas um pouco do que ganho e invisto como artista". Mas não deve ser menosprezado um factor, sublinha Vera Cortês: "É obrigatório para este tipo de trabalho o envolvimento da população. Projectos mais alargados implicam uma colaboração entre os artistas e as comunidades".
"Devemos falar de arte pública? Vhils, desconfortável com categorias ou classificações, aceita o termo sem se rever na sua interpretação "oficial": "As instituições que encomendam peças de arte pública têm uma relação mais forte com as instituições de arte contemporânea e por isso não as encomendam a quem faz 'graffiti' ou 'stencil'. Se calhar é uma questão geracional. Porque já há um público que nos acompanha e compreende o trabalho que fazemos". A galerista concorda e complementa: "Há coleccionadores nacionais e internacionais que só compram obras deste tipo de artistas. Outros passaram a comprar".
Na parede e sobre tela
"Vera Cortês e Vhils começaram a trabalhar juntos em 2005. "O Alexandre tinha 17 anos, ainda estudava no ensino secundário. Fez uma intervenção na parede durante uma exposição da Gabriela Albergaria e decidi desenvolver o currículo que ele já tinha na rua". Feita a apresentação pública da obra, seguiram-se estudos na Saint Martins School, em Londres, outras exposições (em Portugal e na capital inglesa) e a presença em feiras de arte. Até "Underdogs" que afinal, dá também o título à reunião dos dez nomes. "Foi um desafio que ele me lançou. Estava cada vez mais envolvido no meio da arte urbana e todos os dias falava-me de novos criadores".
"O projecto tem uma dimensão didáctica (basta lembrar a edição do livro de Miguel Moore) e o encontro com os trabalhos, por vezes subvertendo as nossas expectativas sobre os suportes e processos utilizados, surpreende e intriga. Vhils mostra as suas figuras, esculpidas nas paredes ou "escavadas" a partir de camadas de cartazes embebidos em resina. Vemo-las nas fotografias de intervenções em Torres Vedras e Moscovo e "in loco" numa das salas. Também especificamente para o espaço da Vera Cortês, são esperados graffitis de Obey (1974) e Tosco (1981).
"O primeiro pertence à velha guarda da arte urbana e contribuiu para a expansão da linha ilegal do graffiti clássico. As suas imagens são, por isso, reminiscentes da cultura popular do século XX: o hip hop, os murais de Los Angeles, o graffiti como fundo dos corpos imortalizados pela fotografia da música popular.
"Já Tosco segue uma linhagem devedora do comix underground dos anos 70, da animação e da cultura trash: imaginem Walt Disney, S. Clay Wilson e Savage Pencil numa furiosa pintura colectiva.
"A figuração expressiva e expressionista (outro motivo que explica o pudor da arte contemporânea face à arte urbana?) também pontua as propostas de Sphiza, Mar e Ram, mas nenhum vai pintar paredes. Todos trazem obras em suportes que normalmente não associaríamos à rua. Sphiza (1988), única mulher, expõe duas telas com figuras humanas e retratos, e Mar (1974), membro do colectivo VSP, conhecido pelas suas pinturas gordas e coloridas, optou por uma instalação e uma escultura feita com lixo. As telas são igualmente as superfícies das imagens abstractas, próxima de uma "action-painting" feita sob o céu azul, de Ram (1976), que tem desenvolvido esculturas a partir de elementos naturais.
"Com tácticas irónicas ou políticas, apresentam-se, Adres, Kusca e ±. Expõem peças onde é notório um maior pendor conceptual e crítico. Particularmente activo na cidade do Porto, ± aposta na simplicidade, na herança do agit-prop, alterando o sentido de frases e palavras do património cultural ou do discurso do quotidiano. A violência, o riso, a ênfase na mensagem directa atravessam os seus stencils ("Perda Filosofal" ou "To Buy or Not To Be", "Uma Casa Portuguesa Sem Certeza) ou despertam numa metralhadora que ameaça pintar paredes.
"Kusca transforma figuras da cultura tradicional e literária portuguesa em personagens inquietantes: numa impressão emoldurada Camões pisca-nos o olho, num pequeno monitor corre um filme com uma Beatriz Costa psicadélica. Quanto a Adres (1981), vai instalar uma porta onde marcará um dos seus poéticos stencils (visíveis nas ruas de Lisboa e arredores), que aproveitam a as falhas ou os desenhos nas paredes para interpelar quem passa.
"E este epílogo de "Underdogs" chega com as fotografia de artistas em plena actividade clandestina, algures em Portugal ou noutro país europeu, prontos a assaltar visualmente um comboio. São imagens assinadas por Smart Bastard (1987), autodidacta que há anos documenta a pintura ilegal de comboios e metros, viajando com passes falsificados do Interail. Como os outros "underdogs", a sua assinatura é o seu nome. A cidade o seu atelier. E só isso que precisamos”.
(Vhils é o autor do “rosto” que ainda pode ser visto numa parede do estacionamento junto à Igreja de Santiago, em Torres Vedras):
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Projecto Crono nas Ruas de Lisboa
(o "lagarto" de Ericailcane)
Em Maio passado o CCB inaugurou uma exposição dos artistas plásticos brasileiros Otávio e Gustavo Pandeolfo (ver AQUI o seu site oficial), mais conhecidos por "Gémeos".(Ver AQUI reportagem desse acontecimento).
São talvez os mais conhecidos dos autores de uma intervenção de "street art" em quatro prédios devolutos da Fontes Pereira de Melo.
A intervenção teve lugar em Julho e nela colaboraram, para além dos famosos "gémeos", outros artistas como a britânica Lucy McLauchlan, os italianos Ericailcane e Blu e o catalão SAM3.
Este conjunto de trabalhos de arte efémera, aos quais se têm juntado outras intervenções nas ruas de Lisboa, deve-se a um projecto intitulado Crono Lisboa.
Fiquem com o registo fotográfico dessas obras:
(obra de "Os Gémeos")
(Obra de "Os Gémeos", pormenor).
(pormenor da intervenção BLU)
(pormenor da intervençãp de BLU)
(intervenção do artista italiano BLU)
(pormenor da intervenção de BLU)
(intervenção do catalão Sam3)
(Obra de Sam3)
(intervenção do italiano Ericailcane)
(intervenção da britânica Lucy McLauchlan)
(pormenor da intervenção de Ericailcane)
(o gato preto, símbolo das intervenções de Sam3)
(pormenor da obra de BLU)
(pormenor da obra dos "Gémeos")
domingo, 11 de abril de 2010
Quando o Grafite se tornou Arte
JOAN NAAR
Em Espanha acaba de ser editada a obra que é considerada a “Bíblia do grafite”.
Trata-se da obra do fotógrafo Joan Naar publicada há mais de 35 anos nos Estados Unidos, intitulada “A Fé do Grafite”.
Tudo aconteceu quando Naar, em 1972, resolveu documentar graficamente a eclosão desse tipo de pinturas que invadia então as paredes do metro de Harlem, em Nova Iorque.
O fotógrafo procurou descobrir os seus autores, e encontrou miúdos de 12 ou 13 anos. Interessou-se principalmente pelas suas motivações, tanto mais que até então o grafite era encarado como simples acto de vandalismo.
Depois disso apresentou o seu trabalho a Norman Mailer, que prefaciou o livro que foi editado nos Estados Unidos em 1974. A sua edição mudou a forma de encarar o grafite.
Por ocasião do lançamento dessa obra em Espanha, o El País, na sua edição de 24 de Março último, solicitou a Naar que comentasse algumas das fotografias que aparecem nessa obra:
"Graff Kids"
“Fixei nesta foto um grupo de grafiteiros em finais de Dezembro de 1972, na paragem de metro de Washington Heights, a norte de Harlem. Foi durante a primeira hora do primeiro dia em que trabalhei na encomenda que me tinha sido feita por uma empresa britânica de desenho. Queriam edita um livro promocional com alguns temas novaiorquinos. O grafite estava espalhado por toda a cidade. Era o fenómeno visualmente mais estimulante naquele lugar e momento”.
"Red Star"
“Quando sai da carruagem essa tarde, estes rapazes, quase crianças – eram latinos, afroamericanos e um branco – estavam “dando uma volta” na parede. Um aproximou-se de mim, olhou para as minhas duas câmaras e perguntou-me o que estava a fazer. Quando lhe contei que estava a fotografar grafites para um livro, começaram-se a rir.”Qual é a graça?”, perguntei-lhes. “É que nós somos escritores de grafite”, disse, oferecendo-se para me mostrar algumas das suas obras primas”.
"Street Writers New"
“Durante os nove dias seguintes gastei 100 rolos de Kodachrome (3000 fotografias). Os rapazes acompanharam-me para que visse os seus grafites e os dos outros, ensinando-me como trabalhavam”.
"Frank"
“Como fotojornalista estava especialmente interessado no contexto em que se faziam os grafites. No geral faziam-nos nas vizinhanças do gueto onde os escritores viviam. Marcavam um número a seguir à sua assinatura. Por exemplo, Frank 136, era o Frank da rua 136”.
"Yellow Bathhouse people"
“Assinavam por todo o lado, em qualquer espaço público próximo. Tanto nas carruagens de metro ou nos autocarros, como em pátios, como nesta imagem”.
“Esta foto tem uma importância especial, porque a maioria dos putos nunca tinham estudado ou visitado museus. Retiravam a sua inspiração dos anúncios que viam nos comboios, autocarros e estações de metro”.
"Time Square Shrttle"
“Quando o livro era ainda uma maquete convidamos Norman Mailer a escrever o prefácio porque era um grande nome. Tornou-se no primeiro crítico importante a chamar de arte ao grafite. Deu ao fenómeno uma importância muito maior que o dos sonhos mais selvagens dos rapazes que os fizeram. A Primeira edição de “A Fé do Grafite” é conhecida como “A Bíblia” deste meio”.
"House of Soul"
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
SOBRE OS MUROS DE ANGOULÊME
Estando marcado para hoje o início de mais um Festival de Banda Desenhada de Angoulême, o L'Express resolveu recordar, na sua edição on-line, um conjunto de fotografias, da autoria de Benjamin Turquier, tiradas em 2009 em Angoulême, intitulando o conjunto como "Sobre os Muros d'Angoulême".
Esse conjunto de fotografias questionam um debata actual e muito vivo no mundo da arte que é o de saber considerar se o Graffiti é arte ou puro vandalismo.
Estas são as fotografias:
Subscrever:
Mensagens (Atom)