sexta-feira, 30 de abril de 2010

A "Arte Degenerada" do IIIº Reich

Joseph Goebbels inaugurando a Exposição de "Arte Degenerada", em Munique, 1937


Os nazis chegaram ao poder na Alemanha num momento de grande dinâmica e criatividade cultural e por isso, artistas, professores e homens da cultura foram das primeiras vítimas das perseguições nazis.

Uma das escolas de arte mais importantes, a Bauhaus, que reunia alguns dos artistas, arquitectos e professores de arte mais inovadores da época foi uma das primeiras que se viu obrigada a fechar as portas, sendo muitos dos seus mentores obrigados ao exílio.

As primeiras décadas do século XX tinham assistido a um grande dinamismo criativo na área das artes, motivada pelas rupturas com a arte tradicional introduzidas no final do século anterior pelos “impressionistas” e “pós-impressionistas”, abrindo as portas a movimentos vanguardistas como o fauvismo, o expressionismo (este muito ligado à arte alemã da época), o cubismo e as primeiras manifestações do surrealismo, do dadaísmo e do abstraccionismo.

Para os nazis, estas vanguardas, que rompiam como toda uma visão tradicionalista e clássica da arte representava uma afronta aos ideário nacionalista e conservador do nazismo e, por isso, foi considerada “não germânica” e influenciada pelo “judaico-bolchevismo”.

No sentido de ridicularizar e combater as vanguardas, obedecendo à propaganda do ideário nazi, o responsável máximo pela “cultura germânica”, Joseph Goebbels, tomou a iniciativa de organizar uma grande exposição da chamada “arte degenerada”, para dar o exemplo daquilo que considerava as “más práticas da arte”.
Entrada da exposição de "arte degenerada"

Assim, em 17 de Julho de 1937, teve lugar, em Munique, a inauguração da “Entartete Kunts”, a “Exposição de Arte Degenerada”, reunindo cerca de 650 obras de pintura, escultura, desenho e gravura, dos artistas banidos e perseguidos pelo regime nazi. A apresentação das obras era enquadrada por frases onde se ridicularizavam as obras.

Entre os nomes aí representados estavam muitos artistas conhecidos como George Grosz, Piet Mondrian, Marc Chagall, Otto Dix, Max Ernest, Wassily Kandinsky, Paul Klee, Oskar Kokochea, Franz Marc, Ernert Kirchen, Henry Moore, entre muitos outros.

O objectivo dos nazis não foi destruir as obras, mas retirá-las dos museus e do contacto com o público, acabando muitas delas por se dispersarem e ficarem na posse de muitos coleccionadores privados.

Recentemente, a Universidade Livre de Berlim decidiu colocar on-line o resultado de cerca de cinco anos de trabalho, uma base de dados com mais de 21 mil obras de arte banidas ou confiscadas pelo regime nazi.

Nessa base de dados, ainda em construção, estão representados cerca de mil e quatrocentos artistas, podendo ser consultada AQUI,(clicar em "datenbank" (base de dados) e em seguida na seta em frente a "Künstler", escolhendo o nome do artista) .

A realização dessa tarefa teve como ponto de partida o trabalho de investigação do historiador de arte Andreas Hüneque que se dedica, há cerca de trinta anos, a inventariar as obras e os artistas classificados como degenerados, com base na análise e estudo dos arquivos de Joseph Goebbels.

Eis algumas das obras incluídas nesse inventário:

Ernest Kirchner

Paul Klee


Franz Marc


Henry Moore

sexta-feira, 23 de abril de 2010

25 de Abril - A Arte em cartaz.

O 25 de Abril trouxe a liberdade, um bem essencial à criatividade artística.

Não é por isso de admirar que muitos artistas tenham colaborado com entusiasmo na feitura de cartazes de propaganda enaltecendo esse acontecimento.

Dos mais conhecidos, como Abel Manta ou Vieira da Silva, até a simples anónimos ou amadores, foram muitos os que não desdenharam por a sua a arte ao serviço da produção desses cartazes.

Todo esse vasto trabalho artístico, que usou esse meio pouco convencional para exprimir ideias estético-política, ainda hoje carece de um levantamento exaustivo.

Deixamos aqui alguns dos cartazes mais simbólicos dedicados ao 25 de Abril que, para além da simples propaganda, tiveram um papel importante na ligação da arte com a revolução, marcando a iconografia desse histórico acontecimento.

































VER MAIS AQUI e AQUI

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Andy Warhol de Mercedes

Em nos anos 80 a Mercedes Benz encomendou a Andy Warhol uma série de 80 quadros que evocassem o centenário da marca que teve lugar em 1987.

Acontece que esse foi ano da morte do mais emblemático pintor da POP ART.

Com o desaparecimento precoce do artista (tinha 59 anos), a série sobre a história daquela emblemática marca, também ela símbolo da época POP que o movimento de Warhol invocava, ficou por concluir. Contudo Warhol tinha já elaborado 35 cartazes e 12 desenhos que se mantiveram esquecidos durante todos estes anos.

Esses trabalhos praticamente inéditos foram agora expostos no Museu Albertina de Viena, podendo ser vistos até 26 de Maio .





















domingo, 11 de abril de 2010

EL Greco em Bruxelas

40 quadros de El Greco estão expostos no Palácio de Belas Artes de Bruxelas até ao próximo dia 9 de Maio.

Trata-se de uma das mais completas retrospectivas da obra de Doménikos Theotokópoulos (1541-1621), mais conhecido por “El Greco”, numa referência à sua naturalidade (aliás, cretense). Trabalhou em Veneza com Ticiano, mas foi Tintoretto que mais influenciou aquele que foi um dos artistas mais originais, inovadores e independentes do seu tempo.

El Greco passou algum tempo em Roma, antes de se estabelecer definitivamente em Toledo, cidade onde faleceu.

A suo obra é apontada como um dos exemplos do chamado “maneirismo” que se desenvolveu a partir da segunda metade do século XVI.

Mais informações sobre El greco e esta exposição podem também ser encontradas AQUI.
 
S. João Evangelista.


Santo Agostinho (c. 1607)


Cristo na Cruz (1610-1614)


S. Tomás (1610-1614)


S. Tiago (1610-1614)


O Lenço de Verónica (c. 1580)


A Santa Família com Stº Ana (c. 1585)


S. Pedro (1587-1620)

Quando o Grafite se tornou Arte

JOAN NAAR

Em Espanha acaba de ser editada a obra que é considerada a “Bíblia do grafite”.

Trata-se da obra do fotógrafo Joan Naar publicada há mais de 35 anos nos Estados Unidos, intitulada “A Fé do Grafite”.

Tudo aconteceu quando Naar, em 1972, resolveu documentar graficamente a eclosão desse tipo de pinturas que invadia então as paredes do metro de Harlem, em Nova Iorque.

O fotógrafo procurou descobrir os seus autores, e encontrou miúdos de 12 ou 13 anos. Interessou-se principalmente pelas suas motivações, tanto mais que até então o grafite era encarado como simples acto de vandalismo.

Depois disso apresentou o seu trabalho a Norman Mailer, que prefaciou o livro que foi editado nos Estados Unidos em 1974. A sua edição mudou a forma de encarar o grafite.

Por ocasião do lançamento dessa obra em Espanha, o El País, na sua edição de 24 de Março último, solicitou a Naar que comentasse algumas das fotografias que aparecem nessa obra:


"Graff Kids"
“Fixei nesta foto um grupo de grafiteiros em finais de Dezembro de 1972, na paragem de metro de Washington Heights, a norte de Harlem. Foi durante a primeira hora do primeiro dia em que trabalhei na encomenda que me tinha sido feita por uma empresa britânica de desenho. Queriam edita um livro promocional com alguns temas novaiorquinos. O grafite estava espalhado por toda a cidade. Era o fenómeno visualmente mais estimulante naquele lugar e momento”.


"Red Star"
 “Quando sai da carruagem essa tarde, estes rapazes, quase crianças – eram latinos, afroamericanos e um branco – estavam “dando uma volta” na parede. Um aproximou-se de mim, olhou para as minhas duas câmaras e perguntou-me o que estava a fazer. Quando lhe contei que estava a fotografar grafites para um livro, começaram-se a rir.”Qual é a graça?”, perguntei-lhes. “É que nós somos escritores de grafite”, disse, oferecendo-se para me mostrar algumas das suas obras primas”.


"Street Writers New"
“Durante os nove dias seguintes gastei 100 rolos de Kodachrome (3000 fotografias). Os rapazes acompanharam-me para que visse os seus grafites e os dos outros, ensinando-me como trabalhavam”.


"Frank"
“Como fotojornalista estava especialmente interessado no contexto em que se faziam os grafites. No geral faziam-nos nas vizinhanças do gueto onde os escritores viviam. Marcavam um número a seguir à sua assinatura. Por exemplo, Frank 136, era o Frank da rua 136”.


"Yellow Bathhouse people"
“Assinavam por todo o lado, em qualquer espaço público próximo. Tanto nas carruagens de metro ou nos autocarros, como em pátios, como nesta imagem”.


“Esta foto tem uma importância especial, porque a maioria dos putos nunca tinham estudado ou visitado museus. Retiravam a sua inspiração dos anúncios que viam nos comboios, autocarros e estações de metro”.


"Time Square Shrttle"
“Quando o livro era ainda uma maquete convidamos Norman Mailer a escrever o prefácio porque era um grande nome. Tornou-se no primeiro crítico importante a chamar de arte ao grafite. Deu ao fenómeno uma importância muito maior que o dos sonhos mais selvagens dos rapazes que os fizeram. A Primeira edição de “A Fé do Grafite” é conhecida como “A Bíblia” deste meio”.


"House of Soul"