quarta-feira, 21 de junho de 2017

Francesc Boix, o fotógrafo do inferno


Francesc Boix foi o único cidadão ibérico a depor como testemunha de acusação no célebre Julgamento de Nuremberga.

A sua participação nesse processo histórico, que julgou os crimes do nazismo, deveu-se ao facto de, com um dos prisioneiros no campo de concentração de Mauthausen, ter sido dos poucos que conseguiu fotografar o inferno que aí se viveu.

Boix nasceu em Pable Sec, em Barcelona, em 1920 e começou a trabalhar ao 14 anos como aprendiz num estúdio fotográfico.

Cedo aderiu à Juventude comunista espanhola e quando a guerra civil espanhola começou incorporou a redacção da revista “Julio” editado pela Juventude Socialista Unificada da Catalunha, como fotojornalista.

Tendo ingressado no exército republicano onde teve como principal missão fotografar o conflito, conhecem-se desse tempo mais de 700 fotografias tiradas em 1937 e 1938 nas frentes de Aragão e Segre.

Recentemente 706 negativo seus desses anos, bem como 663 negativos do seu pai, Bartolomeu Boix, foram doados ao Arquivo Nacional da Catalunha, em Barcelona.

As fotografias do seu pai são anteriores à guerra civil e retratam o quotidiano em Barcelona e noutras localidades vizinhas antes da guerra civil.

Com o avanço dos franquistas, em 1938 Francesc teve de se refugiar em França , onde passou por vários campos de prisioneiros.

Quando os nazis invadiram a França em 1940, Boix juntou-se à resistência, sendo preso pelos nazis em Maio desse ano. Depois de passar por vários campos de concentração, chegou a Mauthausen em Janeiro de 1941, onde estiveram presos outros 8 mil espanhóis.

Como sabia falar alemão, foi usado durante uns tempos como intérprete e, devido à sua experiência como fotógrafo, foi requisitado pelos nazis para trabalhar no Departamento de Identificação do campo, tendo por missão documentar a actividade no campo para enviar aos líderes das SS em Berlim.

Boix aproveitou a sua situação privilegiada para fotografar clandestinamente a vida dos prisioneiros e, com a colaboração da célula do Partido Comunista espanhol existente no campo, conseguiu fazer sair clandestinamente alguns negativos e esconder outros no próprio campo, num total de mais de vinte mil negativos.

Quando a guerra terminou as fotografias de Boix foram de grande utilidade para identificar e julgar os responsáveis pelo Holocausto.

Boix morreu aos 31 anos, em1951, de tuberculose, doença contraída em Mauthausen.

Durante anos muitas das suas fotografias foram dadas com perdidas, só se descobrindo o seu rasto há poucos anos.

A História de Boix serviu  de tema para um documentário, “Francisco Boix, un fotografo en el inferno”, realizado por LLorenço Soler e que ganhou o prémio do Festival de Cine Historic de Barcelona, o qual em baixo reproduzimos, assim como fotografias que aquele fotógrafo tirou nem Espanha e em Mauthausen.

"Francisco Boix, um fotografo el el inferno" de Llorenço Soler:
 
FOTOS DA GUERRA CIVIL (1937-1938):
(Boix a fotografar)
 








 

 
 
NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO de MAUTHAUSEN :










 

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