Francesc Boix foi o único cidadão ibérico a depor como testemunha de
acusação no célebre Julgamento de Nuremberga.
A sua participação nesse processo histórico, que julgou os crimes do
nazismo, deveu-se ao facto de, com um dos prisioneiros no campo de concentração
de Mauthausen, ter sido dos poucos que conseguiu fotografar o inferno que aí se
viveu.
Boix nasceu em Pable Sec, em Barcelona, em 1920 e começou a trabalhar
ao 14 anos como aprendiz num estúdio fotográfico.
Cedo aderiu à Juventude comunista espanhola e quando a guerra civil
espanhola começou incorporou a redacção da revista “Julio” editado pela
Juventude Socialista Unificada da Catalunha, como fotojornalista.
Tendo ingressado no exército republicano onde teve como principal
missão fotografar o conflito, conhecem-se desse tempo mais de 700 fotografias tiradas
em 1937 e 1938 nas frentes de Aragão e Segre.
Recentemente 706 negativo seus desses anos, bem como 663 negativos do
seu pai, Bartolomeu Boix, foram doados ao Arquivo Nacional da Catalunha, em
Barcelona.
As fotografias do seu pai são anteriores à guerra civil e retratam o quotidiano
em Barcelona e noutras localidades vizinhas antes da guerra civil.
Com o avanço dos franquistas, em 1938 Francesc teve de se refugiar em
França , onde passou por vários campos de prisioneiros.
Quando os nazis invadiram a França em 1940, Boix juntou-se à
resistência, sendo preso pelos nazis em Maio desse ano. Depois de passar por
vários campos de concentração, chegou a Mauthausen em Janeiro de 1941, onde
estiveram presos outros 8 mil espanhóis.
Como sabia falar alemão, foi usado durante uns tempos como intérprete
e, devido à sua experiência como fotógrafo, foi requisitado pelos nazis para
trabalhar no Departamento de Identificação do campo, tendo por missão
documentar a actividade no campo para enviar aos líderes das SS em Berlim.
Boix aproveitou a sua situação privilegiada para fotografar
clandestinamente a vida dos prisioneiros e, com a colaboração da célula do
Partido Comunista espanhol existente no campo, conseguiu fazer sair clandestinamente
alguns negativos e esconder outros no próprio campo, num total de mais de vinte
mil negativos.
Quando a guerra terminou as fotografias de Boix foram de grande
utilidade para identificar e julgar os responsáveis pelo Holocausto.
Boix morreu aos 31 anos, em1951, de tuberculose, doença contraída em
Mauthausen.
Durante anos muitas das suas fotografias foram dadas com perdidas, só
se descobrindo o seu rasto há poucos anos.
A História de Boix serviu de
tema para um documentário, “Francisco Boix, un fotografo en el inferno”,
realizado por LLorenço Soler e que ganhou o prémio do Festival de Cine Historic
de Barcelona, o qual em baixo reproduzimos, assim como fotografias que aquele
fotógrafo tirou nem Espanha e em Mauthausen.
"Francisco Boix, um fotografo el el inferno" de Llorenço Soler:
FOTOS DA GUERRA CIVIL (1937-1938):
(Boix a fotografar)
NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO de MAUTHAUSEN :
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