(Fotografia de Run Lola, "Observador")
Uma das polémicas
mais absurdas no mundo da arte em Portugal foi desencadeada pela demissão de
João Ribas da direcção artística do Museu de Serralves.
Segundo o próprio (que
se demitiu depois de, sem revelar na ocasião qualquer incómodo pessoal, ter inaugurado uma
exposição que organizou), a sua
actividade foi sujeita a um acto de
censura por parte da administração daquele Museu.
João Ribas tem um
vasto currículo internacional como curador, mas a sua “actuação”, neste caso,
parece revelar, à medida que se vão conhecendo os contornos do “Caso”, uma
grande falta de seriedade e profissionalismo.
João Ribas conseguiu
desde já duas coisas: tornar-se mais conhecido do grande público do que o próprio
artista “objecto” da exposição em causa, o fotógrafo norte-americano Robert
Mapplethorpe.
Pela minha parte,
fiquei devidamente esclarecido sobre o caso quando ouvi, na televisão, as
afirmações de Michael Ward Stout, presidente da Fundação Mapplethorpe, proprietária do espólio do fotógrafo e quem cedeu a exposição, que se
mostrou espantado com as alegações de João Ribas, desmentindo, logo ali,com argumentos sólidos, as afirmações de Ribas “completamente inapropriadas e
pouco profissionais”.
De facto, quem acha
que uma exposição, por si proposta e organizada, está a ser sujeita a um acto de
censura não se apresenta bem disposto, a guiar os jornalistas e convidados na
sessão inaugural, demitindo-se ao segundo dia da exposição.
O resto é a palavra
de João Ribas contra a palavra dos elementos da administração e, nesta, há
pessoas pelas quais ponho a mão no lume pela sua seriedade e honestidade intelectual,
para além de algumas delas até conhecerem na pele o que foi a verdadeira
censura.
Na minha modesta
opinião, João Ribas, profundo conhecedor da arte e do seu mundo, ou ensaiou os
seus “15 minutos de fama” (sendo conhecido no mundo da arte, é um ilustre
desconhecido do público, ele que é um defensor da proximidade entre a arte e o
público…), ou, sendo um critico de arte reconhecido, mas , como muitos críticos,
um artista falhado, tentou, deste modo, entrar pela porta grande da criatividade
artística, ensaiando uma actuação conceptual e performativa, a forma mais
comuns, na modernidade, de se revelarem muitos artistas falhados….
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