Faleceu esta segunda-feira, em Manhattan, onde vivia, a escultora Louise Bourgeois, com 98 anos.
Nascida em França em 25 de Dezembro de 1911, contactou desde cedo com o ambiente vanguardista de Paris, tendo inicialmente admirado as novidades do expressioniso, do cubismo, do construtivismo, do surrealismo e do abstraccionismo.
Estudou em várias academias de arte francesas, seguindo os ensinamentos de artistas como André Lhote e, nomeadamente, do mestre do cubismo Frenand Léger.
Casada com o historiador de arte norte-americano Robert Goldwater em 1938, partiu com ele para Nova York no ano seguinte para fugir à crescente degradação da situação europeia.
Nacionalizada americana em 1951, mãe de três filhos, Bourgeois ensinou em diversas instituições dos Estados Unidos.
Permaneceu naquela cidade cerca de sete décadas, onde explorou vários materiais e vários géneros artísticos, como o desenho, a pintura e a escultura, mas foi nesta última que se tornou uma artista famosa e original.
Teve a sorte de ter vivido nos dois principais centros artísticos do mundo, cada um na época certa, em Paris, até à Segunda Guerra, em Nova Iorque que, no pós guerra, substituiu a cidade europeia como principal centro de inovação artística.
Nos Estados Unidos Bourgeois conheceu a novidade do expressionismo abstracto e do pós-minimalismo.
Nesse cruzamento de propostas e correntes conseguiu construir o seu próprio percurso, embora só tenha visto a sua obra reconhecida nas décadas de 80 e 90 do século passado, período em que o MoMa de Nova Iorque apresentou uma exposição retrospectiva da sua obra.
Nos anos noventa, a escultora é finalmente reconhecida na sua terra natal com uma grande retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Paris (1995), à qual se seguem várias exposições e instalações na Europa: Londres (1996), Bordeaux (1998), Bienal de Veneza (1999), onde representa os Estados Unidos, e Bruxelas (2005).
Em 2008, o Centro Pompidou, em Paris, recebe, após Londres e antes dos Estados Unidos, uma grande retrospectiva da artista, com mais de 200 obras, entre esculturas, instalações, pinturas e desenhos.
Quando, nesse mesmo ano, o Guggenheim de Nova Iorque organizou uma retrospectiva que artista supervisionou, esta disse que a sua extensa carreira tinha sido influenciada significativamente pelos traumas de sua infância, provocados pela perda de uma mãe jovem e a traição de seu pai, que manteve uma relação com sua professora de inglês.
Em 1999 executou a sua obra mais famosa, “Maman”, a escultura de uma aranha gigante, com mais de nove metros de altura, e que foi adquirida pela Tate Modern de Londres. Em 2007 esta famosa galeria de arte contemporânea adquiriu uma outra versão em bronze que expôs do lado de fora.
Para Bourgeois essa temática que ela explorou em várias ocasiões, era uma “ode” de homenagem a sua mãe.
A propósito das suas fantasias infantis em relação à família, destaca-se a obra de 1974 “A destruição do Pai”, que representa a figura paterna às postas sobre uma mesa, a ser desmembrada e comida por outros membros da família.
Utilizou vários matérias nas suas esculturas, como a madeira, a pedra, o aço, o bronze, o mármore, o plástico, o látex, o vidro, usando mesmo objectos recolhidos nas ruas.
Foi desta reciclagem de materiais da rua que nasceram, nos anos 90, as suas célebres “cells”, obras em forma de pequenos quartos cercados, nos quais colocava tanto objectos por si elaborados, como os que recolhia nas ruas
Parte da sua obra reflecte conteúdos sexuais explícitos, onde aparecem muitas vezes escultura em forma de falo.
A Fundação italiana Emilio e Annabianca Vedova preparava actualmente uma exposição retrospectiva sobre a artista em Veneza, com a qual a artista colaborou até dois dias antes da sua morte. A abertura da exposição, com obras inéditas da artista, mantêm-se para a próxima 6ª feira.
Uma excelente biografia da autora na net e em inglês, pode ser consultada AQUI.
Adorei a obra de Louise Bourgeois! Muito lindo!
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Prof. Adinalzir Pereira