sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ARTE OU DISPARA[R]TE?



Na sua edição desta quinzena, o Jornal de Letras, pela pena de Helder Macedo, retoma uma polémica que nos questiona, não só sobre os caminhos da arte actual, como sobre os limites da própria arte.
Retoma um acontecimento que teve lugar há pouco mais de dois anos, e que pessoalmente julgava morto e enterrado, pensando mesmo que não passava de um mito urbano.
Segundo Helder Macedo, um “artista conceptual recolheu um cão abandonado, atou-o a uma corda e deixou-o morrer lentamente de fome e de sede. Durante vários dias, o artista e os visitantes da galeria presenciaram a agonia do animal, que finalmente morreu”.


Resolvi investigar na internet e descobri várias notícias sobre o assunto.


Acontece que, de facto, aquela “performance” teve lugar e foi seu autor Guillermo Vargas, mais conhecido por Habacuc, “artista” nascido na Costa Rica em 18 de Setembro de 1975.
Ao que parece é muito famoso no seu país, ganhando agora fama mundial, e essa exposição, realizada em Agosto de 2007 em Manágua, capital da Nicarágua, foi a sua primeira mostra individual, intitulada “Natividade - la “Expósicion nº1”.
Habacuc explicou que essa “instalação” partiu da reacção à morte de uma indigente nicaraguense, de nome Natividad, que foi morto num bairro da capital da Costa Rica por dois rotweiller, perante a indiferença geral de quem passava, nomeadamente polícias e bombeiros.
Foi essa a fonte de inspiração para a realização da polémica instalação que constava da apresentação de um cão vadio, a quem ele chamou de Natividad, apanhado nas ruas da cidade por crianças pagas pelo “artista” entre os milhares de cães vadios que percorrem as ruas de Manágua.
Amarrado a uma corda, sem comida nem bebida num canto da galeria, esperando pela morte, o animal jazia prostrado sob uma frase escrita na parede com ração para cães onde se podia ler “eres lo que lees”.
Até aqui todas as fontes coincidem. Onde não existe acordo é quanto ao verdadeiro destino do cão.


Para uns, muitos mesmo, partindo de denuncias na blogosfera ou da responsável pela página de cultura do jornal nicaraguense La Prensa, o cão morreu mesmo, perante a indiferença generalizada do artista e dos visitantes.


Para outros, poucos, tudo não terá passado de uma encenação, já que o cão só permanecia no seu lugar da galeria durante três horas, sendo alimentado nos intervalos, tendo fugindo (fuga conveniente!) ao terceiro dia, do pátio onde ficava durante as pausas, como explicaram os responsáveis pela galeria.


A ambiguidade do próprio “artista” contribuiu para adensar o mistério, que atingiu proporções internacionais quando ele foi escolhido para representara o seu país na Bienal Centro Americana de Arte que se realizou nas Honduras em 2008.
Em declarações ao Nación, jornal da Costa Rica, Habacuc afirmou:
“Me reservo decir si es cierto o no que el perro murió. Lo importante para mí era la hipocresía de la gente: un animal así se convierte en foco de atención cuando lo pongo en un lugar blanco donde la gente va a ver arte pero no cuando está en la calle muerto de hambre. Igual pasó con Natividad Canda, la gente se sensibilizó con él hasta que se lo comieron los perros”.
Acrescentou ainda que os visitantes da sua exposição “Nadie llegó a liberar al perro ni le dio comida o llamó a la policía. Nadie hizo nada”. Esta afirmação foi desmentida por alguns visitantes que teriam apelado ao “artista” para libertara o cão, pedido que ele sempre recusou.
Ainda em declarações àquele jornal, questionado se chegou ou não a alimentar o animal, o “artista” negou-se a responder.
Interrogado porque motivo não utilizou outro “meio de expressão”, respondeu que recolhia o que via e que o “perro está más vivo que nunca porque sigue dando qué hablar”.


Foi então que várias associações de defesa dos animais fizeram circular uma petição contra a presença do “artista” naquela bienal, que terá recolhido, conforme as fontes, entre duas ou quatro milhões de assinaturas. Ironicamente o próprio Habacuc confessou ter assinado a petição.


Foi digno de se ver o esforço de muitos bloguistas, entre os quais alguns portugueses, apoiantes da “arte” de Habacuc, tentando desvalorizar essa petição (neste caso foram mais papistas que o próprio “artista”): “que os defensores dos animais não passam de uns fundamentalistas, cheios de fantasias da Disney sobre o pretenso sentimento dos animais”; “que o cão não terá sido morto, nem humilhado”; “que os dias passados naquela galeria até foram os melhores dias na vida do canídeo”; “que matar um cão ou uma aranha é tudo a mesma coisa, porque os animais não tem sentimentos”, “que, se o artista violou os direitos dos animais, todos os dias são violados direitos humanos”, etc…, etc…
Este último argumento, então, é de bradar aos céus. Mesmo que o cão não tenha morrido, é evidente, apenas com base nos factos minimamente comprovados e nas próprias declarações de Habacuc que o “artista” violou vários artigos da Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
Registe-se que esse documento foi proclamado pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas, no dia 27 de Janeiro de 1978, quando o “artista” tinha três anos de idade, e posteriormente ratificada pela ONU, como se vê, organizações formadas por “perigosos e fundamentalistas defensores dos animais”.
Tentar desculpar a falta de respeito por esse documento com o argumento do não cumprimento de outro documento, o da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é ridículo e intelectualmente criminoso.
Quanto aos argumentos que negam capacidades de sentimentos por parte dos animais, deviam ler com mais atenção Konrad Lorenz (que alguns chegam a citar) ou Desmond Morris. Argumentos parecidos foram usados por Hitler contra os judeus ou pelos racistas norte-americanos contra os direitos dos negros.
Houve até quem pusesse em causa se aquela instalação alguma vez existiu, que não teria passado de uma bem montada e urdida mistificação propagandística. Esta tese, contudo, acaba desmentida pelo próprio “artista” e pelos responsáveis pela galeria.


Segundo o jornal Mexicano El Universal, aberrações artísticas como esta existem muitas, à sombra de uma pretensa “Arte Conceptual” que serve de desculpa para tudo.
Eu próprio me recordo da polémica, há poucos anos atrás, provocada pelo facto de a Tate Modern negociar a compra das fezes de um “artista” conceptual italiano, que as tinha integrado numa sua instalação, ou de outro episódio ainda mais caricato, passado numa galeria da Figueira da Foz, provocado por uma agência de limpeza que, com excesso de zelo, teria recolhido para o lixo uma sanita partida que fazia parte de uma instalação aí exposta.A empresa de limpeza teve de pagar uma indemnização ao “artista”, provavelmente no valor de uma sanita nova.
À custa de quererem ser tão “modernos” e tão”conceptuias”, muitos artistas esquecem-se que os pressupostos dessa arte não são tão “contemporâneos” como isso, pois já estava tudo na atitude dos vanguardistas do início do século passado.
A célebre frase-ensaio de Marcel Duchamp (1887-1968), segundo a qual “será arte tudo que eu disser que é arte”, que justifica a tal “arte conceptual”, foi escrita há quase cem anos. De forma apressada muitos interpretaram-na à letra, sem perceberem a intenção critica e irónica dessa artista nos seus “ready-mades”, aplicado na sua obra mais conhecida, “Fonte”, de 1917, um urinol assinado por ele, descontextualizado das suas funções habituais.


Sou um apreciador da “arte conceptual” e admiro-a por ter aberto novas portas à arte contemporânea, mas reconheço que, à sombra da “arte conceptual” muitos “artistas”, com falta de arte e engenho, usando uma pretensa “provocação artística”, procuram a todo o custo os seus 15 minutos de fama (outra frase irónica que muitos levam a sério, esta com cerca de quarenta anos, da autoria de Andy Warhol).
Em último caso, tal pretensa provocação e as costas largas da arte conceptual tudo podem justificar. À luz dessa atitude, ainda vamos ouvir dizer que o Holocausto não passou de uma bem planeada performance, conceptualmente programada por um estudante de artes plástica, de seu nomo Adolfo.
Por mim faço desde já uma proposta “conceptual”. Caso o tal Habacuc venha expor os seus cães em Portugal, proponho que, num acto de pura provocação artística, se peçam de empréstimo à Tate as tais fezes artísticas, que com elas se barre o artista costa-riquenho, e, no final, se contrate a empresa de limpeza da Figueira da Foz para limpar tudo…

FOTOGRAFIAS DE NATVIDAD:















HABACUC


FONTES E DOCUMENTOS:

1

“IN NACION, COSTA RICA 4 DE OUTUBRO DE 2007
EXPOSICIÓN REALIZADA EN GALERÍA CÓDICE EN NICARAGUA

. Artista tico envuelto en polémica por muerte de perro en obra
. ‘Habacuc’ recogió a animal hambriento y lo usó en su trabajo “Exposición N°1”
. Defensores de animales repudian la acción y piden excluir a artista de bienal
DORIAM DÍAZ
ddiaz@nacion.com

El artista costarricense Guillermo Vargas, más conocido como Habacuc , está envuelto en una gran polémica debido a la muerte de un perro callejero dentro de Exposición N° 1 , muestra que se realizó en agosto pasado en Managua (Nicaragua).
Varios defensores de los animales en Costa Rica se enteraron de su obra a través de un blog y lo acusaron ayer de crueldad.
Lo que se vio en Managua. Como parte de su exposición, el artista enfrentó al espectador a un perro callejero flaco, enfermo y con hambre amarrado a la esquina de la sala. Él capturó al animal en un barrio pobre de Managua.
El perro murió tras un día en la exposición, según se lo confirmó a La Nación Marta Leonor González, editora del suplemento cultural de La Prensa en Nicaragua.
La muestra también incluyó la frase, escrita con alimento de perro, “Eres lo que lees”; así como de un audio con el Himno Sandinista al revés, fotos y un incensario, donde se quemaron 175 piedras de crack y una onza de marihuana.
Habacuc dijo ayer que su obra fue un homenaje a Natividad Canda, nicaragüense que murió tras ser atacado por dos perros rottweiler en un taller en Cartago.
“Me reservo decir si es cierto o no que el perro murió. Lo importante para mí era la hipocresía de la gente: un animal así se convierte en foco de atención cuando lo pongo en un lugar blanco donde la gente va a ver arte pero no cuando está en la calle muerto de hambre. Igual pasó con Natividad Canda, la gente se sensibilizó con él hasta que se lo comieron los perros”, explicó .
Incluso agregó: “Nadie llegó a liberar al perro ni le dio comida o llamó a la policía. Nadie hizo nada”.
Al ser cuestionado acerca de si alimentó al animal o no, el artista se negó a responder.
¿Por qué no usó otro medio de expresión? “Recojo lo que miro... El perro está más vivo que nunca porque sigue dando qué hablar”, dijo.
Enojo tico. Varios defensores de los derechos de los animales repudiaron ese trabajo de Habacuc , lo descalificaron como obra de arte y sugirieron que al artista se le excluya de la Bienal Centroamericana Honduras 2008, ya que él será uno de los seis representantes del país.
“Me espanté al ver que se fomenta la crueldad hacia los animales en una obra de arte. Presentaremos una carta para que se prohiba la crueldad en el arte y para que este muchacho no represente al país en la bienal”, expresó Gina Malavassi, defensora de los animales.
José Morales, vicepresidente de la Unidad Especial de Protección y Rescate Animal, opinó. “El perro estaba amarrado y sin comida; no entiendo en qué cabeza eso es arte”.
Liliam Schnog, presidenta de la Asociación Humanitaria para la Protección Animal, dijo que no entiende cómo se dejó morir de hambre a un animal si a la par había una frase hecha con comida.
Estas organizaciones estudian el caso con el fin de ver si procede alguna denuncia”.

2

"Cão morre numa exposição

Uma estranha forma de arte
O artista Habacuc deixou um cão morrer à fome durante uma exposição. Os defensores dos direitos do animais já lançaram uma petição online para que o artista seja banido da Bienal Centroamericana Honduras 2008.
O artista Guillermo Vargas, mais conhecido por Habacuc, está a dar que falar em todo mundo. O motivo desta atenção não são as suas obras de arte, mas sim o facto de ter deixado propositadamente um cão morrer à fome durante a sua última exposição.
A "Exposição nº1" teve lugar em Agosto, em Manágua, na Nicarágua. À entrada, os visitantes podiam ler a frase "És o que lês", seguindo-se um cenário pouco comum: entre as obras do artista estava um cão, faminto e doente, amarrado por uma corda a um canto da sala.
Mesmo após alguns apelos dos visitantes para que o animal fosse libertado, o artista recusou-se a fazê-lo justificando que se tratava de uma homenagem a Natividad Canda, um nicaraguense que morreu depois de ter sido atacado por um rotweiller. Ironicamente, o cão acabou por morrer à fome em plena exposição quando o título da amostra estava escrito numa parede através de uma colagem feita à base de comida canina.

Os motivos do artista

"O importante para mim é constatar a hipocrisia alheia: um animal torna-se o centro das atenções quando o ponho num local onde toda a gente espera ver arte, mas deixa de o ser quando está na rua", justificou o artista ao jornal costa-riquenho La Nación. "O cão está mais vivo do que nunca porque continua a dar que falar".
O caso chocou os defensores dos direitos dos animais, que se juntaram numa petição online para que Habacuc seja excluído da Bienal Centroamericana Honduras 2008, onde deverá ser um dos representantes da Costa Rica. Mais de setenta mil pessoas já assinaram o documento, repudiando o trabalho de Vargas”.

In Expresso on-line 24 de Outubro de 2007

3

“Guillermo Habacuc Vargas. Escrevam este nome no Google e obterão 143 mil resultados. ‘Animal’ é o que de mais gentil se poderá encontrar em termos de referências ao rapaz, mas ‘filho da puta’, escrito já em várias línguas, começa a ser a expressão mais habitual.
Um filho da puta tão óbvio? Fiquei curioso e googlei a história.
Habacuc não é um demónio, é um artista plástico conhecido pelas suas posições políticas arrojadas e, por causa destas, muito conceituado no seu país, a Costa Rica. Entre 16 e 19 de Agosto, numa mostra realizada na Galeria Códice, em Manágua, capital da Nicarágua, Habacuc exibiu uma instalação – Exposición N° 1 – que viria a causar uma tremenda comoção justiceira entre os amigos dos animais de todo o mundo.
À entrada da exposição havia uma frase na parede («Eres lo que lees») escrita com biscoitos para cães. Junto à mesma parede, a um canto, preso por uma corda e um fio de arame, Habacuc colocara um cão vadio apanhado em Manágua. O cão apresentava sinais de mal nutrição e doença – um pobre animal entre milhares de outros que deambulam nas ruas da cidade. Os visitantes contemplavam toda esta cena enquanto ouviam o hino sandinista tocado ao contrário. Aos que abordavam o artista pedindo que soltasse o animal ou pelo menos lhe desse de comer, Habacuc recusava sempre. (Que barbaridade tão evidente! Está-se mesmo a ver que o verdadeiro objecto da exposição não era o cão, mas os próprios visitantes – chegar a essa conclusão, contudo, implica pensar antes de postar, por isso a maior parte dos bloggers manteve a sua indignação primária).
Pouco tempo depois, a 4 de Outubro, um artigo publicado no jornal Nacion noticiava que a exposição de Guillermo Habacuc Vargas se encontrara envolta em ‘grande polémica’ devido ao facto de o animal ter acabado por morrer à fome na própria galeria. A ‘fonte’ para esta notícia foi uma tal de Marta Leonor González, editora de um suplemento cultural na Nicarágua, La Prensa. Segundo o seu ‘testemunho’, o animal teria morrido no primeiro dia de exposição.
Podem imaginar o que sucedeu quando a história surgiu nos blogues: Guillermo Habacuc Vargas foi crucificado como um torturador e um demónio assassino de animais. Uma petição online foi criada para boicotar a presença de Habacuc numa bienal nas Honduras, em 2008: até à data, recolheu mais de 190 mil assinaturas.
Toda esta história é uma fraude em que os bloggers caíram que nem patinhos. Habacuc pode ser um artista manhoso, mas não é um torturador de cães – bastava perder mais alguns minutinhos no Google para descobrir que o cão não só foi alimentado durante os três dias em que permaneceu na galeria como não chegou sequer a morrer. Não há nada que incendeie mais a blogosfera do que uma causa – sobretudo se for fácil de apoiar. É de admirar que ainda não tenham criado uns banners ou uns botõezinhos que a malta usa nos blogues como se fossem brincos.
Parte da ‘culpa’ (alguns poderão chamar-lhe ‘autoria’) é do próprio Habacuc, que fez questão de criar um ‘acontecimento’ e manteve uma cautelosa ambiguidade até ao fim. Questionado pelo mesmo jornal Nacion, reservou-se «o direito de dizer se o cão estava morto ou não, se tinha sido alimentado ou não». A intenção da exposição, explicou ele, foi a de «constatar a hipocrisia alheia: um animal torna-se o foco de atenção quando o coloco num local onde as pessoas esperam ver arte, mas não quando está no meio da rua, morto de fome». Explicou também que a exposição serviu para homenagear Natividad Canda, um nicaraguense morto por cães rottweiller.
O chinfrim foi tanto que a Galeria Códice (onde a exposição se realizou) se viu obrigada a desmontar a instalação (agora é metáfora) e emitir um comunicado [adenda: página offline] onde afirmava que o cão «esteve nas instalações durante três dias (…). Esteve solto no pátio interior durante todo o tempo – exceptuando as três horas diárias em que durava a exibição – e foi alimentado regularmente com comida trazida pelo próprio Habacuc».
Parece que afinal o cão não morreu em nome da Arte. Na verdade, como explica ainda o mesmo comunicado da Galeria, «o cão fugiu ao fim do terceiro dia, escapulindo-se de manhã cedo entre as grades do portão principal da galeria, quando o vigilante que o alimentara fazia limpezas no exterior».
Esperem! – Poderão gritar os bloggers justiceiros. Tudo bem – o homem não é um assassino de cães, mas não tinha o direito de se aproveitar do pobre animal para fazer ‘propaganda’ à sua arte. Qual arte? Aquilo foi uma declaração política. Política sem propagação não existe. Seja como for, alguém perguntou a opinião do cão? Pois, é um disparate, um cão não é uma pessoa, é um ser vivo sem uma mente racional: coisas como ‘arte’ ou ‘propaganda’ são conceitos demasiado humanos e os conceitos geralmente não têm cheiros e, quando têm, não costumam ser muito interessantes. Do ponto de vista de um cão abandonado nas ruas de uma grande cidade, passar três dias no quentinho a dormir e a comer, a receber festinhas (e não pontapés) pode ter equivalido a umas mini-férias. Mas isto sou eu, que sou um bruto e um insensível no que diz respeito aos direitos dos animais. Enfim, que sei eu – o cão poderá ter-se sentido moralmente indignado, como se fosse uma criação da Walt Disney!
Mas deixá-lo ali, a um canto, preso, exposto, coitadinho! Tem razão, caro amigalhaço dos animais. É muito mais aceitável prender o animal num apartamento, a ladrar de solidão e desespero o dia todo. Ou abandoná-lo durante as férias.
Se era assim tão bem tratado, por que razão o cão fugiu? Provavelmente pela mesma razão com que tantas vezes cães bem tratados fogem das casas dos donos: para apanhar ar ou mandar uma queca. E fez o malandro muito bem, que três dias seguidos numa galeria de arte sem uma cadelinha para meter conversa deve ser uma seca.Adenda: Ficou com vontade de me fazer a mim o que julga que fizeram ao animal? Leia este post. Considera a hipótese de me enviar um email com ameaças? Leia este texto, a salvação da sua Razão ainda é possível. Você é um amante da Natureza e dos animais que respeita a opinião dos outros, mas continua convencido de que errei ao escrever este post? Caro amigo ou amiga, seja bem-vindo a este blogue. Talvez possa mudar de opinião lendo esta entrada".

Blogue Bitaites, Novembro 2007

3

“Em agosto de 2007, Vargas mostrou seu "Exposición N ° 1" na Galeria Códice em Manágua, Nicarágua. A exposição inclui a queima de 175 peças de crack e uma onça de maconha enquanto o Sandinista hino tocou para trás.[6][7] O trabalho também incluiu um cachorro magro amarrado a uma parede por uma corda com "Eres Lo Que Lees" ( "Você é o que você lê"), escrito na parede de alimentos para cães.[6][7] O trabalho atraiu controvérsia quando foi noticiado que o cão tinha morrido de fome como parte do trabalho de Vargas.[6][5] As fotografias da exposição surgiu no Internet, Mostrando que o cão amarrado à parede de uma sala cheia de pessoas em pé. Não há indicações nas fotos de onde ou quando foram, nem de quem as tomou. O escândalo provocado pelas fotos e as alegações de que o cão havia sido deixado para morrer de fome se espalhou rapidamente internacionalmente através de blogs, e-mails e outras fontes não confirmadas, incluindo petições internet para impedir Vargas de participar da Bienal Centroamericana 2008 em Honduras, que recebeu mais de quatro milhões de assinaturas.[8][7] Vargas apoiou a petição, dizendo que ele também assinou.[9]
Juanita Bermúdez, diretor da Galeria Códice, afirmou que o animal foi alimentado regularmente e só foi preso por três horas em um dia antes que ele escapou.[6][7] Vargas se recusou a comentar sobre o destino do cão,[7][5] mas notou que ninguém tentou libertar o cão, dar comida, chamar a polícia, ou fazer qualquer coisa para o cão.[5] Vargas afirmou que a exposição e a controvérsia em torno realçar a hipocrisia das pessoas porque ninguém se preocupa com um cachorro que morre de fome até à morte na rua.[5] Em uma entrevista com El TiempoVargas explicou que ele foi inspirado pela morte de Natividad Canda, um nicaragüense indigentes viciado, Que foi morto por dois Rottweilers em Província de Cartago, Costa Rica, enquanto é filmado pelo mídia na presença de polícia, bombeirosE guardas de segurança.[10]
Após a realização de uma sonda, o Humane Society dos Estados Unidos foi informada de que o cão estava em um estado de inanição, quando foi capturado e fugiu depois de um dia de cativeiro, no entanto, a organização também condenou categoricamente "o uso de animais em exposições como esta." [11] O World Society for the Protection of Animals (WSPA) também investigou a exposição.[8] WSPA encontrou a informação sobre a questão de ser "inconsistente" e se reuniu com os patrocinadores do Honduras Bienal de garantir que nenhum animal seria abuso na exposição de 2008 no país. [8]
O pior é que, por incrível que pareça a tal da prestigiosa Bienal Centroamericana decidiu novamente convidar o referido sujeito para a Bienal 2009 e a repetir sua cruel ação. Pelo visto parece que por lá não há nenhuma lei de proteção aos animais. Já que isto é assim, e que a multidão de pessoas que comparecem ao evento são indiferentes, só cabe a nós recorrer a todos os defensores e pessoas de bom senso que assinem uma petição no sentido de proibir a participação desse indivíduo cruel na Bienal.Enquanto milhares de pessoas, organizações e governos lutam pela vida animal, de repente aparece um sujeito desses, cruel, exterminador e desgraçado, totalmente indigno de ser chamado de humano, muito menos ainda seus apoiadores e defensores que ainda tiveram a petulância de convidá-lo novamente. Assim, rogamos encarecidamente a todos os leitores, amigos e pessoas de bom senso que assinem a petição abaixo, é nossa única arma e também o único que podemos fazer no momento. Convido a todos também a deixarem aqui seus comentários para servir de união com outros leitores.
O cão morreu no dia seguinte ao da inauguração, por falta de comida e água, indicou no seu blogue, «Analog», Rodrigo Peñalba, que publicou cinco fotografias do cão, tiradas no dia de abertura da exposição por Dalia Chevez, e um post sobre o assunto.
«Na inauguração - escreveu - soube que o cão foi perseguido durante a tarde entre as casas de alumínio e cartão de um bairro de Manágua com nome de santo, que Habacuc não soube precisar no momento. Cinco crianças que ajudaram na captura receberam uma bonificação de 10 córdobas pela sua colaboração».
Segundo o dono do blog, durante a exposição, «algumas pessoas pediram a libertação do cão, o que o artista recusou».
«O nome do animal era Natividad e deixaram-no morrer de fome à vista de todos, como se a morte de um pobre cão fosse um espetáculo mediático, em que ninguém faz mais do que aplaudir ou olhar desconcertadamente», criticou".

Blog de Leonardo Bezerra (Brasil)

4

"Surgiu uma petição contra o Guillermo. Usando como exemplo a petição, o Marco do Bitaites argumentou que as pessoas acreditam em tudo que lêem sem verificar a veracidade do que é dito . Resultado? As pessoas começaram a crucificar o Marco também. Faz parte de quem tem blogs como já percebi.
Concordo com tudo que o Marco disse excepto quando ele diz que “O cãozinho não morreu, está bem? Irra!”. Baseando-se no artigo da ZonaPunk assume-se que o cão foi alimentado durante a exposição e que fugiu ao terceiro dia, segundo diz a galeria onde ocorreu o incidente. Mas o artigo não confirma a veracidade do que a galeria disse. Chega mesmo a dizer:
É a palavra da Galeria contra a jornalista Marta Leonor.
E tanto a jornalista como a galeria têm interesses na história. A jornalista quer vender notícias, a galeria não quer ficar com má fama. Apesar de não concordar com tudo que o Marco disse, concordo com a ideia geral do artigo dele.
Pode um artista fazer uma coisa destas? Parece que sim, leiam o caso das borboletas queimadas indicado no artigo da ZonaPunk*. Há quem discuta se isto é arte. Se alguém se lembrasse de reproduzir com humanos um quadro do Hieronymus Bosch a minha preocupação não era classificar a actividade como sendo ou não arte.
Pode um jornalista deturpar os factos para vender? Sem dúvida. O filme Shattered Glass relata um bom exemplo.
Diz-se que isto expõe a hipocrisia das pessoas, que ignoram os cães nas ruas mas numa exposição se mostram indignadas. Eu prefiro acreditar que a maioria das pessoas que ignora os animais o faz para não ficar deprimido. É o que eu faço e vou ajudando os animais quando posso.
Mesmo assim tira-se algo positivo da história. Visibilidade para os cães abandonados. E da próxima vez é menos provável que façam uma exposição sem divulgar as condições dos animais previamente".

Blog de Artur Carvalho

5

Matérias Especiais - Antes De Assinar, Leia As Entrelinhas - O Caso Natividad
por: Carlos Almiron

"Circula pela Internet uma petição contra um artista costarriquenho chamado Guillermo Varga Jiménez (mais conhecido pelo pseudônimo “Habacuc”). Dentre outras reivindicações, a petição pede a exclusão do artista da Bienal Centro-americana que acontecerá no ano que vem em Honduras.
Antes de assinar a petição, resolvi investigar o caso e o resultado é no mínimo interessante.
Em agosto deste ano, a Galeria Códice (localizada em Manágua, capital da Nicarágua) abrigou a instalação “Exposición nº 1” na qual um cão de rua foi exposto. No início de outubro começou a circular a notícia de que o cão havia morrido de fome e sede nesta exposição, fato que se espalhou rapidamente e causou grande repercussão entre os defensores dos animais.
Porém, informações desencontradas põem em dúvida a veracidade e credibilidade dos fatos. Pra isso a Internet é uma ferramenta indispensável para averiguar melhor esse caso.
As imprensas da Nicarágua e da Costa Rica tomaram conhecimento do fato a partir da “denúncia” feita e difundida através de blogs, porém trataram o caso superficialmente. Os principais e mais citados blogs são de Jaime Sancho que reúne todo material até agora divulgado sobre o caso e o blog de Rodrigo Peñalba única fonte que registrou e divulgou as fotos da exposição em questão. Aqui no Brasil a Folha de São Paulo publicou o fato na coluna “Pensata” de João Pereira Coutinho. É possível encontrar outras fontes, mas boa parte apenas traduz ou reproduz as fontes já citadas.
O primeiro apontamento que faço é sobre essas mesmas fontes. É no mínimo constrangedor imaginar que os principais jornais envolvidos nem sequer cobriram a exposição e ainda por cima publicaram opiniões sem nem ao menos saber se o que aconteceu era verdade ou não.
Fonte impar no caso, a jornalista Marta Leonor Gonzalez, editora do caderno cultural “La Prensa Literária” é a única que confirmou a morte do cão. Mas o estranho é que no seu próprio suplemento não há menção alguma da exposição e pra piorar “ela própria não esteve na exposição” como me confirmou Rodrigo Peñalba. Ao blog dele é atribuído o registro fotográfico da exposição. Rodrigo Peñalba, 26, é escritor, artista visual, web editor e neto do renomado artista nicaragüense Rodrigo Peñalba (1908-1980). Outro fato curioso: nem o próprio Peñalba viu o cãozinho Natividad. As fotos no seu blog foram enviadas pela artista Delia Chévez.
Cabe ressaltar aqui o trabalho que Peñalba desempenha na divulgação cultural da América Central. Seu blog tem recebido inúmeras visitas por causa dessa polêmica. “É o mês mais visitado do site e é uma visita que não retornará” lamenta Peñalba. É a real, quem vê as fotos repassa o link e nem sequer se dá ao trabalho de conferir o restante do conteúdo. Curioso em ver as fotos? Para descongestionar e evitar excesso de tráfego, um novo blog foi criado www.elperritovive.blogspot.com.

CASO NATIVIDAD

Antes de ser nome do vira-lata mais falado do momento, Leopoldo Natividad Canda Mairena era um nicaragüense de 25 anos que vivia ilegalmente há 9 anos na Costa Rica. Nati, como era conhecido nos diques de Cartago, saiu da casa dos pais do bairro Modesto Ramón Palma, em Chichigalpa, municipio do Departamento de Chinandega na Nicaraguá para buscar uma vida melhor nas ruas do pais vizinho. Terminou seus dias como mendigo e morando debaixo de uma ponte.
Na madrugada do dia 10 de novembro de 2005, Natividad acompanhado de um amigo saltou o muro da oficina mecânica “Romero” de propriedade de Fernando Zúñiga (localizada em Cartago, Costa Rica) e foi surpreendido e atacado por dois cães de guarda rottweiler. Seu amigo (cujo nome não foi divulgado pela investigação) conseguiu escapar do ataque e colaborou na reconstituição da tragédia. Natividad levou certa de 200 mordidas e teve múltiplas perdas de pele, músculos, tendões, artérias, veias e nervos dos braços e pernas. Conseguiu ser levado ainda com vida para o Hospital Max Peralta, onde passou por cirurgia e transfusão de sangue, ingressando na UTI. Porém horas depois, uma parada cardio-respiratória o levaria a óbito. Mórbida coincidência: “Hunter” era o nome de um dos cães de guarda.
A morte da Natividad trouxe a tona acusações de xenofobia, negligência, omissão de socorro, descumprimento do dever policial e tornou ainda mais tensas as relações diplomáticas entre os dois paises (existe uma disputa na corte Internacional de Haya pelo direito de navegação pelo rio San Juan).
Segundo a investigação feita pelo Organismo de Investigação Judicial, que cuidou do caso, dois agentes da Força Pública tiveram oportunidades de salvar Natividad ao disparar contra os cães de guarda e não o fizeram por oposição do dono da oficina. Os gritos de socorro durante o ataque, que durou aproximadamente 54 minutos, também foram ouvidos e presenciados pelo vigia noturno da oficina, pelos bombeiros e pela cruz vermelha.
Passado o calor do momento, após exaustivas investigações e acuações mútuas, surge a denúncia de que a empresa norte-Americana Bandeco ofereceu uma indenização à família de Natividad para esquecer e dar o caso por encerrado.
O inquérito permanece aberto e é provável que os indiciados fiquem impunes.

A HOMENAGEM DE HABACUC

A idéia de Habacuc não era só homenagear Natividad, mas trazer para uma exposição artística um elemento urbano, cotidiano. Causou grande repercussão por se tratar de um vira-lata doente, exposto num ambiente em que se espera encontrar obras de arte. É claro que não foi considerado arte por muitos que assinaram a petição. Crueldade ou manifesto político?
Alguns elementos da instalação remetiam diretamente ao caso Natividad: na entrada lia-se a frase “es o que lês” escrita com ração e culminava com a exposição do cão sarnento. Significados? A frase nada mais é do que isso mesmo: Natividad foi comida pra cachorro e o cão representava o próprio Natividad, que neste momento servia como objeto para revelar a hipocrisia humana: enquanto está na rua, o cão passa despercebido, não sensibiliza ninguém, mas quando está numa galeria de arte ganha o foco das atenções. Talvez isso explicasse as enigmáticas declarações do artista, que se negava a responder se o cão havia sido alimentado, se havia morrido e porque não permitia que o público libertasse o animal. Talvez sua crítica fosse de que assim igualmente ocorreu com Natividad, que nunca fora notado nas ruas e que no momento da sua morte poderia ter sido salvo, mas que ninguém fez nada pra isso, permaneceram como meros expectadores.

DECLARAÇÕES

Mediante a pressão pública e a crescente adesão à petição a Galeria Códice, membros do jurado Bienarte 2007 e o Museu de Arte e Desenho Contemporâneo da Costa Rica (sede da Bienarte 2007 que classificou Habacuc para a Bienal Honduras 2008) divulgaram notas sobre a polêmica.
Coube à Galeria Códice confirmar o período da estadia do cão em suas instalações (3 dias) sendo que ele era alimentado regularmente pela ração que o próprio Habacuc levara.
Inesperadamente, o cão teria fugido da Galeria durante a limpeza do pátio interior, local onde o cão ficava solto enquanto não participava da exposição. É a palavra da Galeria contra a jornalista Marta Leonor.
Já os membros do jurado da Bienarte 2007 acrescentaram esclarecendo que as obras apresentadas por Habacuc eram inéditas e sem relação alguma com a “Exposicion Nº1”. Ainda na nota, rechaçaram a "campanha midiática que se orquestrou pretendendo desqualificar e amedrontar, manipulando a informação e promovendo interesses obscuros, de caráter fascista, incluindo um chamado para a violência e o crime".
Por sua vez, o Museu de Arte e Desenho contemporâneo da Costa Rica aclarou não ter influência na representação da Costa Rica na Bienal Honduras 2008, atuando apenas como "facilitador e sede da seletiva de obras realizada pelo jurado internacional" e que as obras de Habacuc que foram classificadas e que estão expostas no museu são outras. A "Exposicion Nº 1" não participou da seletiva pra Bienal e portanto não está vinculada nestes eventos.
Um ponto em comum nas três declarações, além de não aprofundarem ou quererem levar adiante o caso, é a questão da censura e do próprio limite do que viria a ser arte.
Nesse foco o comunicado do Museu é interessante quando relembra que em 1966, durante a Guerra do Vietnã, Peter Brook estreou em Londres o espetáculo “US”. Nele um ator fazia um monólogo sobre o uso e efeitos do Napalm. Para sensibilizar a platéia, no final da atuação, o ator que tinha uma borboleta viva presa entre o polegar e o indicador, tirou do bolso um isqueiro e tacou fogo nas suas asas. Chocante, não? O ator teve que pedir desculpa diante do protesto e indignação da platéia. Mas antes de deixar a cena, o ator fez notar sua estranheza, já que o mesmo público que se indignava com a sorte da borboleta, até o momento, havia permanecido indiferentes aos vietnamitas queimados pelo Napalm. Na época ninguém ousou por em dúvida se Peter Brook era ou não artista.
O mesmo comunicado do museu também serve para encerrar a discussão sobre o veto da participação do artista na Bienal de 2008, o que frustra uma das reivindicações da petição on-line.

QUAIS CONCLUSÕES PODEMOS TOMAR?

Enquanto o próprio Habacuc não vem a público dar sua versão, nunca se ouvirá falar tanto nos personagens dessa noticia. Se dar o que falar e o que pensar era sua intenção, conseguiu em partes. Mesmo que o artista prossiga normalmente com seu trabalho, utilizando ou não objetos do cotidiano, sempre será lembrado por essa polêmica ou cairá no esquecimento quando outro artista for o mais novo alvo do sensacionalismo.
Tudo isso poderia ter sido evitado se as partes envolvidas dessem maior atenção a sua assessoria de imprensa, evitando declarações infelizes. De certo a galeria Códice não imaginava que daria todo esse reboliço, mas não custava nada explicar ao público visitante que Natividad receberia os devidos cuidados, afastando qualquer hipótese de maus tratos. Pelo menos assim ocorreu com o Museo Oscar Niemeyer (Curitiba/PR) durante a exposição “Revolver” do trio Jum Nakao, Kiko Araújo e Julio Dojcsar, na qual havia a participação de 3 esquilos da Mongólia e deixava claro no realese que tipo de materiais foram utilizados e que tratamento lhes era dado. Essa polêmica também serviu para escancarar ainda mais como a juventude atual nem sequer presta atenção no que lê, muito menos questiona antes de aderir uma causa ou reproduzir uma “notícia”. E por fim, mesmo que a obra da Habacuc tenha ferido artigos da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, o que podemos esperar de um mundo onde não se respeita sequer os Direitos Humanos? "
Carlos Almiron, 25, Graduado em História e apresentador do Programa Mundo Caos na PunkRadio.

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Cuando el arte es llevado al extremo

"Exhibir a un perro hambriento o comerse a un feto puede sonar cruel, pero el mundo lo es aún más, argumentan creadores que llevan sus obras al límite con el fin de sacudir la conciencia de una sociedad que oscila entre la conmiseración y la hipocresía

Miguel Angel Ceballos
El Universal México
Sábado 10 de mayo de 2008

ESCENA UNO, MÉXICO: un par de ratas son destrozadas por las potentes cuchillas de una licuadora. La mezcolanza es lanzada a los espectadores y el sobrante es tragado por la autora.
ESCENA DOS, CHINA: Un hombre se sienta a la mesa a comer un feto humano previamente cocinado a la parrilla.
ESCENA TRES, ALEMANIA: Burbujas de jabón se elevan en un museo y estallan al chocar con el público asistente. No son pompas normales. El agua que las forma fue usada para lavar cadáveres en las funerarias.
¿Repulsivo? ¿Asqueroso? ¿Patético? ¿Inmoral? ¿O simplemente arte?
Guillermo Habacuc Vargas, un creador costarricense que se ha hecho famoso internacionalmente porque como parte de una exhibición artística presentó amarrado a un perro callejero y supuestamente lo dejó morir de hambre, considera que vivimos en una sociedad donde las relaciones sociales son extremas y la conveniencia de ocultar lo que somos se revierte en morales que se podrían llamar extremas. “Yo no llamaría al arte extremo si lo extremo es lo que relata”.
Dicha pieza de Habacuc ha despertado tal polémica que algunos autonombrados “defensores de animales” buscan boicotear su participación en la Bienal Centroamericana Honduras 2008, que se llevará a cabo en Tegucigalpa el mes de noviembre. Vía internet, han logrado reunir más de 2 millones de firmas de personas que se dicen indignadas y lanzan una serie de insultos y descalificativos al artista. Habacuc, por cierto, también rubricó la protesta.
“Creo que son muy pocas firmas, tenemos más hipocresía en el mundo. Es más fácil sensibilizarse por un ser virtual que por el miserable de la esquina. Yo ya firmé la petición. Por tradición los artistas firmamos las obras. Este malestar global definitivamente tiene sus raíces en el día a día y se quiere hacer pasar por solidaridad con los otros seres”, argumenta Habacuc.
El uso del cuerpo humano o de animales en piezas de arte no es nuevo, pero sí es cada vez más constante a nivel internacional. En 2003 el artista chino Zhu Yu, quien realizó el acto de comer un feto humano como parte de una acción artística, también introdujo sesos humanos en recipientes para mermelada, en una obra que tituló Cerebro humano enlatado.
En México, el artista Héctor Falcón encontró en su propio cuerpo la obra de arte. Se ha atrevido a tatuarlo con brasa encendida y a agredirlo químicamente para transformarlo en un Proceso anabólico que en 2000 documentó en video y fotografía. Todo esto para criticar la belleza convencional a través del arte.
Un caso harto conocido es el del brasileño Eduardo Kac y su “arte transgénico”. En 2000 creó a la conejita fluorescente Alba con la ayuda de tres especialistas del Instituto Nacional de Investigación Agronómica de Francia. La pieza consistió en introducir al animal una mutación sintética del gen de la medusa, que produce una proteína vede fluorescente.
En 2004, el artista Yoshua Okon creó para una galería mexicana la pieza HCl, que es el símbolo químico del ácido clorhídrico y ayuda a la digestión humana. La obra de Okon consistió en colocar una tubería transparente que atravesaba la galería, a través de la cual circulaba vómito donado por personas con bulimia.
También es importante recordar que el Grupo Semefo, del que formaba parte la mexicana Teresa Margolles, realizó acciones como dejar caer un caballo muerto desde una altura de 20 metros para grabar el sonido que hacía al estrellarse contra el suelo.
En su libro Ante el dolor de los demás (Alfaguara, 2004), la escritora estadounidense Susan Sontag hace una reflexión sobre la relación entre las noticias periodísticas, el arte y el modo en que entendemos las representaciones de desastre.
“Estremecerse frente al grabado de Goltzius titulado El dragón devora a los compañeros de Cadmo (1588), que representa la cara de un hombre arrancada de un mordisco de su propia cabeza, difiere mucho del estremecimiento que produce la fotografía de un ex combatiente de la Primera Guerra Mundial, cuya cara fue arrancada de un disparo. Un horror tiene lugar en una composición compleja —las figuras en un paisaje— que pone de manifiesto la maestría de la mano y la mirada del artista.
“El otro es un registro de una cámara, un acercamiento de la terrible e indescriptible mutilación de una persona real: eso y nada más. Un horror inventado puede ser en verdad abrumador (por mi parte, me resulta difícil ver el espléndido cuadro de Tiziano en el que Marsias es desollado y sin duda cualquier otra imagen con este tema). La vergüenza y la conmoción se dan por igual al ver el acercamiento de un horror real”.

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Wikipedia
"La biografía de este día está dedicada al artista más cuestionado del momento, Guillermo Vargas, más conocido por su apodo Habacuc. Nace en San José, Costa Rica el 18 de septiembre de 1975 y en la actualidad vive y trabaja en Cartago.
Sin sentir afección sobre ningún artista, aunque sí por varias obras, Habacuc define su obra sin tomar una idea específica, más bien “se basa a partir de un conjunto de preocupaciones y tensiones entre varias ideas“, como menciona el propio artista en las entrevistas realizadas.
Sus obras son una mezcla de fotografía, vídeo, pintura, música y otros elementos, los cuales le permiten crear instalaciones variadas, en las cuales casi siempre opta por una mirada crítica hacia las instituciones.
Su interés principal parte por revisar las figuras del artista y todos quienes participan en el arte, como los galeristas, coleccionistas, etc. Por supuesto no solo critica esta institución, sino principalmente el plano social y el plano político.
Debemos partir desde este punto para analizar la obra de Habacuc, donde sobresale sin dudas su última y más controversial trabajo, denominada Exposición Nº1, al ser su primera muestra individual.
La creación de esta obra (según el propio artista), parte de la muerte de un indigente nicaragüense en la Provincia de Cartago en Costa Rica, por parte de dos perros Rotweiller, ante la atenta mirada de policías y bomberos locales que no cumplieron con su tarea de salvarlo de los voraces canes.
Los medios de comunicación y los presentes allí, tampoco realizaron nada al respecto, siendo todos simples espectadores del suceso. Este hecho es el punto de inspiración para Habacuc de realizar la obra “eres lo que lees“, donde un perro callejero, llamado Natividad (al igual que el inmigrante) se encontraba atado sin comida ni bebida, simplemente esperando su muerte.

Natividad en la “Exposición Nº1″

Este acontecimiento despertó la alarma mundial y así el artista confirmó sospechas que tenía antes de comenzar su obra. Las mismas eran “generar en el espectador diferentes reacciones, que nos dieran cuenta de nuestra condición humana“. Lo que más le llamó la atención al autor sobre las reacciones del público fueron “la obediencia a las reglas sociales: de lo que se debe hacer en una Galería y de lo políticamente correcto“.
En esta obra se puede aducir que Habacuc intentó crear conciencia social a partir de su exposición, demostrando que lo que pasó el perro callejero en la Galería, también lo padeció el indigente, siendo ambos el “espectáculo” que las personas veían, sin hacer nada.
Asimismo destaca el papel que juegan los medios de comunicación, ya que esta exposición fue realizada en agosto del pasado año y aún se maneja internacionalmente. Muchas versiones aclaran que Habacuc alimentaba al perro pero que era inevitable que muriera debido a su estado, pero el artista, jamás ha declarado nada al respecto, aduciendo que no es un tema relevante a debatir.
En estos momentos, Habacuc se encuentra trabajando para la próxima Bienal Centroamericana, aunque no dice que presentará en la misma”.

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Declaração Universal dos Direitos dos Animais

1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
3- Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimescontra os animais.
9 - Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.

Preâmbulo:

Considerando que todo o animal possui direitos;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza;
Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo;
Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros;
Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante;
Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais,
Proclama-se o seguinte

Artigo 1º
Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.

Artigo 2º
1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado.
2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais
3.Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.

Artigo 3º
1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 2.Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.

Artigo 4º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
2.toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito.

Artigo 5º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2.Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.

Artigo 6º
1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.

Artigo 7º
Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.

Artigo 8º
1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
2.As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.

Artigo 9º
Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.

Artigo 10º
1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
2.As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.

Artigo 11º
Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.

Artigo 12º
1.Todo o ato que implique a morte de grande um número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
2.A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.

Artigo 13º
1.O animal morto deve de ser tratado com respeito.
2.As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.

Artigo 14º
1.Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
2.Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem".

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